???? Dez anos do 7 a 1: Joachim Löw destaca brasileiros “completamente confusos taticamente”

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Dez anos depois da sua maior conquista como treinador, Joachim Löw ainda sente os ecos do tetracampeonato mundial vencido pela Alemanha sob o seu comando, na Copa de 2014. Estava tudo pronto para a entrevista em um hotel de Freiburg, cidade no Oeste alemão onde o técnico de 64 anos vive atualmente, mas a chegada do ídolo nacional mudou a programação: ao saber quem seria entrevistado, a gerência do hotel substituiu o salão inicialmente reservado por outro, mais amplo e imponente.

Uma consideração especial a quem levou o futebol alemão ao topo pela última vez, numa jornada inesquecível para a torcida e, claro, para quem viveu aquela campanha vitoriosa nos gramados brasileiros.

— Eu lembro todos os dias daquela Copa com carinho, porque foi uma experiência especial. Uma Copa do Mundo no Brasil é um torneio de futebol único por excelência. Naturalmente, é uma memória que durará para sempre. Fomos campeões mundiais, vivemos um torneio incrivelmente lindo, com muitas emoções e com ótimos momentos no nosso Campo Bahia — relembrou Löw, citando o centro de treinamentos da Alemanha em Santa Cruz Cabrália, no litoral Sul da Bahia.

Löw mantém o estilo ao mesmo tempo casual e elegante que apresentava quando era treinador da Alemanha, cargo que deixou em 2021. Sem trabalhar com futebol desde então, ele não se considera aposentado, apenas se permite decidir quando pretende voltar a dirigir uma equipe.

Embora não seja uma pessoa publicamente efusiva, chegou ao hotel antes mesmo da hora marcada, recebeu a reportagem com educação e simpatia, e não se importou de regravar algumas perguntas quando solicitado, para garantir o melhor resultado da conversa. Afinal, o tema merecia todo o cuidado possível.

Dez anos depois, como você relembra aquele início de jogo, uma semifinal de Copa do Mundo que praticamente foi resolvida em 30 minutos, com os cinco gols da Alemanha?

— Havia uma atmosfera louca no estádio e os torcedores estavam muito emocionados e barulhentos durante o Hino Nacional brasileiro. Nos primeiros minutos, o Brasil entrou um pouco melhor no jogo. Você poderia dizer que os brasileiros tinham energia e dinamismo, e tivemos que nos orientar por dez minutos. Mas o primeiro gol (de Thomas Müller, aos 11 minutos) obviamente nos ajudou a ganhar alguma segurança e tomar consciência do nosso jogo.

Depois do segundo gol, o Brasil ficou relativamente chocado, o clima no estádio mudou de alguma forma e os jogadores também ficaram um tanto inseguros. E aí, naturalmente, saíram os outros três gols.

— Joachim Löw, ex-técnico da Alemanha, sobre o 7 a 1

A seleção brasileira sentiu a pressão do jogo?

— Claro que há sempre uma pressão especial quando se joga uma semifinal em casa, todos esperam que, de alguma forma, você chegue à decisão, e temos de lidar com isso de alguma forma. Sempre ajuda assumir a liderança no placar, e claro que isso teria ajudado o Brasil. Mas também tem o efeito oposto. Houve alguma incerteza, e os jogadores ficaram paralisados. Você notava que, de alguma forma, eles ficaram subitamente perturbados e não tinham mais energia. E aí naturalmente eles ficaram completamente confusos taticamente, porque não conseguiam mais processar as coisas em suas cabeça.

Terminado o jogo, a seleção alemã deveria estar exultante. Mas a Copa do Mundo não tinha terminado, ainda faltava a final contra a Argentina. Como manter a concentração da equipe após uma goleada como aquela na semifinal?

— Dava para perceber que nosso time estava muito mais maduro naquele ponto do torneio. Ninguém foi arrogante depois do jogo. Estava relativamente tranquilo no vestiário e acho que todos os jogadores sentiram que foi uma grande semifinal, vencemos, mas na verdade não tínhamos nada nas mãos ainda. Queríamos a taça e é claro que todos sabiam que teríamos que provar isso novamente em outro jogo por mais 90 ou talvez 120 minutos. Por isso, foi importante para nós permanecermos com os pés no chão e focados para nos preparar para uma final em poucos dias. Um jogo ainda mais importante do que contra o Brasil.

Goleada sobre o Brasil, e então o título mundial no Maracanã com a vitória sobre a Argentina. Que grande reta final de Copa do Mundo para a Alemanha, não?

— No final, foram dois jogos dos quais sempre se fala na Alemanha. Claro que o 7 a 1, de alguma forma, foi maior. Em uma pesquisa feita há algum tempo com os torcedores, o 7 a 1 acabou sendo eleito o jogo mais espetacular da Alemanha em todos os tempos. E em segundo lugar, claro, a final de 2014, porque vencemos a Argentina, com um gol de Mario Götze e levamos o troféu para casa. Portanto, foram dois jogos que ainda são comentados na Alemanha, mesmo depois de tantos anos.

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