Investir em saneamento básico não é apenas uma questão de saúde pública. Trata-se, também, de uma estratégia essencial para mitigar impactos ambientais e, ao mesmo tempo, preparar as comunidades para os desafios das mudanças climáticas.O tema tem todos os ingredientes para estar presente na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que será …
Coluna 75 de Marcellus Campêlo | Saneamento básico, um tema importante para a COP30

Investir em saneamento básico não é apenas uma questão de saúde pública. Trata-se, também, de uma estratégia essencial para mitigar impactos ambientais e, ao mesmo tempo, preparar as comunidades para os desafios das mudanças climáticas.
O tema tem todos os ingredientes para estar presente na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que será realizada em Belém, no Pará. O evento é uma grande oportunidade para discutir e impulsionar as melhorias necessárias para o saneamento básico no Brasil, e em especial na região Norte, onde os desafios são enormes.
A COP30 reunirá líderes mundiais, organismos internacionais, pesquisadores e representantes da sociedade civil, criando um ambiente propício para discutir políticas de desenvolvimento sustentável e investimentos em infraestrutura básica. Além de colocar a Amazônia no centro do debate climático global, pode mobilizar recursos e promover políticas públicas voltadas ao setor.
O tema saneamento é importante para a região. No Amazonas, por exemplo, onde os problemas nessa área tornaram-se crônicos por anos, os avanços passaram a ser sentidos a partir da decisão do governador Wilson Lima de dar apoio às prefeituras e buscar suporte federal, para que possam atingir a Meta Legal do Saneamento, que é universalizar os serviços até 2033. Nessa data, 90% da população das cidades brasileiras já deve estar sendo atendida com coleta e tratamento de esgoto e 99% com água potável.
Ainda são muitos os desafios a superar até lá, mas o governador tem a convicção de que é preciso, é possível e vamos conseguir mudar esse cenário, com a união de esforços. O Governo do Estado deu um passo importante nesse sentido, ao sancionar, no dia 9 de janeiro, a Lei Complementar nº 11/2024, que instituiu o novo modelo de Regionalização do Saneamento Básico.
O projeto de criação da Microrregião de Saneamento Básico (MRSB) foi uma iniciativa liderada pelo governador, sob a coordenação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb), agregando vários outros órgãos estaduais que se juntaram nesse trabalho. O projeto foi aprovado em dezembro de 2024, pela Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), após passar por ampla discussão com as prefeituras e setores da sociedade relacionados ao tema. O entendimento era de que a Lei Complementar nº 214, de 4 de agosto de 2021, precisava ser reformulada, para adequação às mudanças previstas no Marco Legal do Saneamento.
A criação da MRSB representa um marco para o interior do Estado. Dentre os benefícios que proporciona, o modelo é crucial para que os municípios possam pleitear recursos federais para a gestão dos serviços de água e esgoto, reforçando, assim, os investimentos que já vêm sendo feitos por eles próprios e pelo Governo do Amazonas.
A Microrregião de Saneamento Básico atuará como uma autarquia intergovernamental composta pelo Estado e os 61 municípios do interior. Terá entre suas atribuições o planejamento, regulação, fiscalização e prestação, direta ou contratada, dos serviços públicos de saneamento básico. O modelo deve assegurar a manutenção e a instituição de mecanismos que garantam o atendimento da população, cumprindo as metas de universalização previstas no Plano Nacional de Saneamento Básico.
O novo formato também vai ajudar a equacionar uma questão importante, que é o tratamento de resíduos sólidos urbanos. Os municípios do interior enfrentam desafios logísticos e orçamentários para a implantação de aterros sanitários adequados e sistemas de coleta seletiva. Esse é um problema que afeta, inclusive, a saúde pública e a preservação ambiental e tudo isso foi levado em conta pelo Grupo de Trabalho envolvido no projeto de criação da MRSB.
O grupo é formado por representantes da Sedurb, UGPE, Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados e Contratados do Estado do Amazonas (Arsepam), Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti) e Procuradoria Geral do Estado (PGE). Além dos órgãos estaduais, contamos com a parceria da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace). A instituição realiza estudos técnicos sobre o tema, com atuação em diversos estados brasileiros.
O próximo passo, agora, é a implementação e efetivação do modelo no Amazonas. A minuta do Regimento Interno da autarquia já está sendo preparada pelo Governo do Estado. O processo todo, desde a escolha do modelo mais adequado até a sua efetivação, está sendo feita com muita transparência, com a participação de todos os envolvidos, e com base em estudos econômicos e cases exitosos de outras regiões.
É um modelo, portanto, que tem tudo para dar certo e que chega para somar esforços com projetos já executados pelo Governo do Estado nessa área, como os programas Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+), realizado na capital, e de Saneamento Integrado (Prosai), em Maués e, agora, em Parintins.
Nos dá a convicção de que chegaremos na COP30 com ações a mostrar e preparados também para discutir parcerias, até mesmo internacionais, que possam somar esforços no enfrentamento a esses desafios na área de saneamento. É importante apresentarmos projetos que nos permitam virar a chave, fincando as bases para a implantação de cidades mais sustentáveis. O primeiro passo já foi dado. É hora de construirmos um novo momento.
Estamos com foco no fato.