Planalto quer julgamento longo de Bolsonaro no STF visando desgaste

Avaliação de aliados do presidente Lula é que longo julgamento no STF desfavorece Bolsonaro na disputa de narrativas e da pauta política

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Interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desejam um longo julgamento para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta quarta-feira (26), a Corte tornou o ex-mandatário e outros sete aliados réus por uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Na avaliação do Planalto, quando mais o processo demorar, menos Bolsonaro terá o controle sobre a pauta do debate político num ano pré-eleitoral. Petistas próximos a Lula acreditam que a análise da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) já surtiu efeito em colocar o ex-presidente contra a parede, numa perspectiva de comunicação.

A conta dos aliados ao presidente Lula é que, com o processo instaurado, as fases da ação penal darão ao governo uma sequência de oportunidades para desgastar Bolsonaro. É nesta fase processual em que são colhidos depoimentos de testemunhas e dos acusados, além da apresentação de provas.

A expectativa é que o processo de Bolsonaro seja encerrado somente no final do ano. Além do presidente, o STF aceitou denúncia da PGR contra sete aliados, incluindo ex-ministros e militares. Outras 25 pessoas também foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF) pela suposta tentativa de golpe, mas ainda terão seus casos analisados.

Como mostrou o Metrópoles, o PT preparou um aparato para fazer uma espécie de cobertura especial do julgamento de Bolsonaro no STF, com transmissão ao vivo e cortes rápidos para as redes sociais. A ideia no partido é utilizar o mesmo modelo nos próximos fatos do processo.

Na terça-feira (25), no primeiro dia do julgamento, Bolsonaro conseguiu gerar um fato político e midiático ao assistir presencialmente ao julgamento. Enquanto os petistas o desgastavam nas redes, porém, parlamentares bolsonaristas ficaram conhecidos ao fazerem confusão, com direito a xingamentos na porta do STF.

Nesta quarta, ele ficou no gabinete do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de onde acompanhou a transmissão. Ao tentar demonstrar força na saída do Senado, o ex-presidente interrompeu pronunciamento à imprensa quando uma pessoa tocou em trompete a marcha fúnebre, gerando um fato negativo com potencial viral.

Fonte: Metrópoles

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