Viagem teria sido bancada por empresários que possuem contratos milionários com a prefeitura
A apresentação de Powerpoint usada pelo ex-procurador da República Deltan Dallagnol para apresentar denúncia contra o então presidente Lula em 2016 ganhou grande repercussão nacional. Passados nove anos, o vereador de Manaus, Coronel Rosses (PL), resolveu reciclar o formato e apresentou, na Câmara Municipal de Manaus (CMM), um slide parecido com o famoso caso, com o nome de David Almeida (Avante) no centro. Em volta, alguns círculos o ligam a possíveis irregularidades.
O slide apresentado por Rosses faz referência à viagem do prefeito de Manaus ao Caribe durante o Carnaval deste ano e ao caso de alagamentos que levaram moradores a perderem todos seus bens após forte chuva que atingiu a cidade na semanada passada.
No material apresentando durante sessão plenária na manha desta quarta-feira (12), há a seguinte descrição: nome de David Almeida no centro, ligado a diversos temas polêmicos. Com o título “tudo leva ao David”, o material associa Almeida a supostas irregularidades, como “aniversário milionário”, “Manaus alagada”, “benefícios familiares”, “patrimônio incompatível” e “dispensa de licitação”.
Em discurso na tribuna da Casa, o parlamentar questionou os motivos e as circunstâncias da viagem do prefeito e falou que a ausência de Almeida durante a forte chuva e o apagão que atingiu a cidade impactaram diretamente a vida da população. O vereador ainda apontou possíveis relações entre a viagem e outros acontecimentos políticos e administrativos.
Viagem virou alvo de ações nos órgãos de fiscalização
A viagem virou alvo de ações no Ministério Público do Amazonas e Federal (MP-AM)/(MPF-AM) e Receita Federal (RF). Rosses protocolou ofícios aos órgãos de fiscalização solicitando abertura de investigação para apurar os gastos do prefeito durante a viagem.
Na peça apresentada, o vereador relata que todas as despesas do prefeito durante viagem à ilha de São Bartolomeu, como hospedagem, viagem em jatinho e festas particulares, teriam sido custeadas por empresários que mantêm contratos com a administração municipal. Além disso, o ofício menciona a compra de “bebidas de alto valor”, referindo-se a um champanhe francês avaliado em cerca de R$ 32 mil, presente na festa de aniversário da primeira-dama de Manaus, Izabelle Fontenelle.