No AM, 81% das cidades têm taxa de analfabetismo elevada

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Dados compilados pelo Ministério da Educação (MEC) mostram que 50 dos 62 municípios do Amazonas ainda tem uma taxa de pessoas analfabetas acima da média brasileira. No território amazonense, o município com a taxa mais alta é Itamarati: 26,44% de seus habitantes a partir de 15 anos não sabem ler e escrever, seguido pelos municípios de Envira (26,31%) e Eirunepé (25,28%).

Segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 11,4 milhões de brasileiros de 15 anos ou mais em condição de analfabetismo, equivalente a 7% da população. No Amazonas, Manaus possui a menor taxa de todas, com 2,98%. Outros 11 municípios tem a taxa abaixo da média: Nhamundá (6,78%), Urucurituba (6,30%), Maués (6,16%), Itacoatiara (6,07%), Barreirinha (6,04%), São Sebastião do Uatumã (5,94%), Itapiranga (5,92%), Urucará (5,77%), Silves (5,51%), Boa Vista do Ramos (4,37%) e Parintins (4,07%).

Na lista dos municípios com as maiores taxas de analfabetismo, a maioria está no interior do estado. Após Eirunepé, completam a lista das dez maiores as cidades de Ipixuna (24,16%), Pauini (24,12%), Atalaia do Norte (22,82%), Guajará (22,36%), Barcelos (21,29%), Tapauá (20,81%) e Juruá (20,64%). Em números absolutos, o estado do Amazonas possui 197.146 habitantes acima de 15 anos não alfabetizados.

Enfrentamento

Para combater esses dados, o coordenador-geral de políticas para a Juventude do MEC, Yann Evanovick, destacou que é preciso fortalecer a agenda do enfrentamento do analfabetismo no Brasil. Segundo ele, o governo federal está emprenhado em tornar o Brasil um território livre do analfabetismo, definição dada pela Unesco quando um local atinge mais de 96% de pessoas alfabetizadas.

Entre os atos da gestão federal estão a retomada do Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem). O primeiro busca promover a superação do analfabetismo entre jovens e adultos e universalização do ensino fundamental, enquanto o segundo é uma política de reinserção de jovens entre 18 a 29 anos que não tenham concluído o ensino fundamental.

Coordenador-geral de políticas para a juventude do MEC, Yan Evanovick, afirmou que é preciso fortalecer a agenda de enfrentamento ao analfabetismo

“O PBA é exatamente o programa que nós temos de enfrentamento ao analfabetismo no Brasil. Ele é um programa que oferta qualificação às pessoas que atuam como professores, oferta material didático, paga uma bolsa para esses professores. Esse programa pode ser desenvolvido em escolas, em igrejas, em associações de moradores, em clubes de mães, tem uma estratégia muito ampla para poder a gente chegar nesse público mais vulnerabilizado”, disse.

Parintins já aderiu ao programa

O coordenador do MEC citou que o Município de Parintins, por meio do prefeito Mateus Assayag (PSD), já aderiu ao PBA para sair do atual nível de pessoas analfabetas – 4,7% – até chegar ao ponto de território livre de analfabetismo. Uma das políticas públicas que entram nessa estratégia é o Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação de Jovens e Adultos (Pacto EJA), que inclui o Projovem e mais um conjunto de programas para superar essa questão.

“Até o dia 15 de março, os municípios e os estados vão poder fazer adesão [ao Pacto EJA]. O estado do Amazonas já fez adesão, mas tem alguns municípios que não fizeram ainda. E o PBA, que faz frente a esses números, nós temos até o dia 21 de março para fazer a adesão. Então tem tempo, tem recurso disponível para isso, mas é preciso ter uma mobilização”, destacou.

Evanovick salientou a necessidade de a sociedade civil participar desse processo, principalmente em um estado como o Amazonas, onde o poder público não consegue chegar a todos os locais. Nesse meio estão incluídas associações, igrejas e outros locais que reúnem a comunidade, além da própria família. Segundo ele, os filhos devem incentivar os pais que não tenham se alfabetizado a voltar a estudar. Os dados mostram que a maior parte dos não alfabetizados tem acima de 29 anos.

“O Pé-de-Meia EJA, que é para a educação de jovens e adultos e nós começamos a pagar em setembro, vai exatamente nesse sentido. Como é que estão, hoje, as salas de aula da EJA aqui do Amazonas? Estão lotadas, porque tanto o presidente Lula quanto o ministro Camilo Santana estão criando condições para que essas pessoas não tenham que optar entre comer ou ir para a aula”, disse.

Fonte: Acrítica

Estamos com foco no fato.

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